segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
Crônicas de amanhã . O jornal de amanhã
Cronicas de amanhã
O jornal de amanhã por urjel morais
O jornal como veículo é uma máquina do tempo. Como escritor, o jornalista precisa de se colocar como um vidente. Muitas das vezes as narrativas são escritas como ficcionais para depois serem transformadas em reais. Um exemplo? A morte de grandes figuras públicas ou acidentes previsíveis já estão escritas em jornais do mundo todo, pois caso estes fatos aconteçam é preciso publica-los com urgência.
Parem as prensas!
Assim é o famoso bordão jornalístico para demonstrar a situação anterior. Quando uma matéria é importante demais para ser ignorada pelo jornal do dia seguinte, é melhor reimprimir os jornais do dia seguinte a não ter a matéria publicada. Em muitas ocasiões o jornal mudou a forma como sociedades viam o mundo, por analises de política, arte, cultura ou a própria sociedade, o jornal tem influenciado por séculos a percepção da realidade. O papel do jornal vive em função da matéria ali escrita, e muito mais do que letras, a informação é o mais importante. Por isto a vida útil do jornal é de um dia. No dia seguinte o jornal vira embrulho para peixe, vidro ou qualquer outro descartável.
O papel do jornal é descartável, mas as informações não.
Quem não lembra de grandes capas de jornais? Como o jornal que amanheceu com a capa em branco demonstrando insatisfação pela censura da ditadura, ou o outro que publicou uma receita para bolo na capa pelos mesmos motivos. Lembro da cobertura dada por jornais para a eleição de grandes políticos. Tenho vários livros de cronicas que escritores por quem tenho apreço publicaram em jornais.
Não se pode ensinar jornalismo, essa é uma profissão ética. Isso foi me dito por um jornalista e professor por quem tenho respeito e admiração.
Em um mundo interconectado e sempre atualizado, o jornalismo do dia seguinte corre o risco de virar obsoleto. A capacidade de prever notícias em um mundo que não dorme não é o bastante. Entre outros, o diferencial do jornal escrito é a profundidade e seriedade de suas matérias.
Atualmente, o jornalismo tem sido confrontado de forma exponencialmente crescente com as demandas da tecnologia. Grande parte dos jovens que conheço pega as informações da internet, e poucas vezes a fonte é o jornal. Este fato tem preocupado muitos jornalistas do mundo inteiro. Grandes e antigos jornais tem fechado as portas, como o terceiro maior de Minas Gerais.
A informação é o foco.
Em um mundo de e-paper, e-readers, e-books e e-pads, de telas em todos os lugares lutando para chamar a atenção de todos e qualquer um, como se posicionar como jornalista e como leitor crítico? Ainda não existem respostas prontas, mas vemos com a história que um meio de comunicação não substitui o anterior, apenas se adapta a suas especificidades. Como um Darwinismo social, os mais adaptados sobreviverão.
Jornais de grande circulação como o New York Times, Washington Post e o The Guardian tem um grande foco em suas edições virtuais. Todos eles tem forte presença nas redes sociais, e usam sua Homepage como um centro de conteúdo e interação. Estes sites contam com atualizações mais rápidas, que já podem ser lidas pelos assinantes ao serem publicadas, sem ser necessário esperar a Impressão do dia seguinte. A edição virtual também permite o acesso a mais conteúdo, uma vez que o site suporta fotos, videos, áudios, entre outras tecnologias que apenas a internet possibilita. Em um website existe também mais interatividade, os leitores podem comentar cada matéria no site do jornal, podem entrar em contato com o jornalista ou o jornal, e receber uma resposta em segundos.
O jornal não vai morrer, mas o jornalista vai se atualizar
Atualmente acompanho 98 sites e todas as suas postagens sobre os mais diferentes temas. Existem mais de 1.000 artigos esperando para serem lidos por mim, dos quais lerei por volta de 20% a 30%. Tenho acesso a uma quantidade de informação inimaginável quando nasci. Interajo com ela de forma como nem a ficção científica poderia prever a 20 anos. O futuro do jornalismo é tão brilhante quanto uma tela de LCD e está tão próximo como a edição de amanhã deste jornal, mas lembre-se, o amanhã está cada vez mais próximo.
Urjel Morais é jornalista, comunicólogo. Já trabalhou em publicações internacionais e mantém uma vida tecnológica e social ativa. Acredita no futuro do jornalismo e na necessidade de inovar. Este artigo foi escrito a partir de um celular.
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